As pequenas empresas que fecharam grandes negócios no Shark Tank agora lutam para sobreviver em meio às novas tarifas comerciais. Entenda os desafios que elas enfrentam.
Um Sonho Americano Ameaçado
Em 2012, Donny McCall entrou no Shark Tank buscando US$ 100.000 por 10% de sua invenção: o Invis-A-Rack, um rack dobrável para caminhonetes. Embora os tubarões tenham gostado do produto, criticaram os altos custos de produção nos EUA.
Kevin O’Leary sugeriu transferir a fabricação para a Ásia, mas McCall se recusou, defendendo empregos americanos. Resultado: nenhum investidor apostou no negócio.
Essa decisão representa um dilema que ficou ainda mais visível anos depois, quando a pandemia e a guerra comercial iniciada por Donald Trump expuseram a vulnerabilidade das cadeias de produção internacionais.
O Impacto Direto nas Empresas do Shark Tank
Com a imposição de tarifas altíssimas para produtos chineses — algumas chegando a 145% — diversas empresas que surgiram no Shark Tank estão lutando para se manter vivas.
A Forbes entrevistou 10 desses negócios. Veja como as tarifas afetaram cada um deles:
1. Scrub Daddy
- Tubarão: Lori Greiner
- Fundador: Aaron Krause
- Receita: US$ 350 milhões anuais
- Sede: Pennsauken, NJ
A Scrub Daddy, uma das maiores histórias de sucesso do programa, conseguiu manter parte da produção nos EUA. No entanto, a empresa ainda enfrenta ameaças vindas das tarifas, especialmente em fábricas terceirizadas fora dos EUA.
Aaron Krause descreve o momento como o mais difícil de sua carreira, com queda nas vendas em grandes redes como Walmart e Target.
2. Rinseroo
- Tubarão: Lori Greiner
- Fundadora: Lisa Lane
- Receita: US$ 5 milhões anuais
- Sede: Millstone Township, NJ
Produzindo 100% na China, a Rinseroo viu seu custo por unidade dobrar. Lisa Lane avalia mover a produção para o Camboja, mas teme a instabilidade. Ela pausou campanhas de marketing e prepara sua equipe para tempos difíceis.
3. Bucket Golf
- Tubarão: Mark Cuban
- Fundador: Tyler Simmons
- Receita: US$ 13,5 milhões anuais
- Sede: Emeryville, CA
Com 90% da produção na China, o custo de entrega dos produtos praticamente triplicou. A Bucket Golf tenta manter os preços enquanto corta custos internos para sobreviver ao período de alta tarifária.
4. onewith
- Tubarões: Barbara Corcoran e Jamie Lima
- Fundadora: Hayley Segar
- Receita: Sete dígitos
- Sede: Darien, CT
Especializada em trajes de banho sem costura, a onewith depende da tecnologia de produção chinesa. Apesar de alguns estoques já terem chegado antes das tarifas, a fundadora Hayley Segar monitora a situação com cautela e evita grandes mudanças até o cenário se estabilizar.
5. Yellow Leaf Hammocks
- Tubarão: Daniel Lubetzky
- Fundadores: Joe Demin e Rachel Connors
- Receita: Oito dígitos e crescendo
- Sede: Venice, CA
As redes são feitas na Tailândia por artesãos locais, mantendo a missão social da empresa. No entanto, acessórios importados da China agora estão ameaçados, e a Yellow Leaf já cogita descontinuar algumas linhas de produtos.
6. Lectec
- Tubarão: Robert Herjavec
- Fundadores: Jared Ebersole e Luke St. Amand
- Receita: US$ 142.000
- Sede: Nova York, NY
A startup de kits para construir veículos elétricos depende integralmente da fabricação chinesa. Para sobreviver, terão que elevar drasticamente os preços ou correr o risco de falir.
7. Guardian Bikes
- Tubarão: Mark Cuban
- Fundador: Brian Riley
- Sede: Seymour, IN
Após a pandemia, a Guardian Bikes apostou na produção nacional, reduzindo sua dependência da China de 90% para apenas 20%. Essa mudança estratégica protegeu a empresa de aumentos de preços e tornou a produção mais resiliente.
8. Tucky
- Tubarão: Daymond John
- Fundadora: Brooke Knaus
- Receita: US$ 3 milhões
- Sede: Charlotte, NC
Brooke Knaus revolucionou o mercado de moda com o Tucky e o Stitchy, fabricados na China. Mas agora, tarifas ameaçam seu modelo de negócios. Sem margem para absorver os custos extras, ela precisou frear promoções e se concentrar na sobrevivência.
O Que os Tubarões Estão Dizendo
Mark Cuban já orienta suas empresas a buscar produção nos EUA. Daymond John recomenda vigilância constante e adaptação às mudanças de mercado.
A maioria dos empreendedores concorda: o futuro é incerto, e a única solução, por enquanto, é se manter informado, ser ágil e torcer por uma resolução rápida na guerra comercial.
Conclusão: O Sonho do Shark Tank em Xeque
As tarifas comerciais afetaram brutalmente pequenos negócios que eram exemplos de sucesso. A guerra tarifária de Trump colocou em xeque décadas de estratégias de produção globalizada.
Para muitos desses empresários, o sonho americano virou uma batalha diária pela sobrevivência — e o final dessa história ainda está longe de ser escrito.
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